E também para os desafios para uma pessoa que não parava nunca
No quarto mês fui liberada ara começar a hidroterapia. Mais uma vez, mega empolgada para mais um desafio. Era inverno, meus parafusos já estavam mais do que reclamando, mas a clinica tinha piscina aquecida, então era mais que maravilhoso entrar naquela piscina quentinha. As primeiras aulas foram bem desafiadoras, eu não tinha mais aquele medo constante igual no início, mas como envolvia água, eu ficava mais cuidadosa.
E para fazer os exercícios, meu amigos, parecia que eu era a pessoa mais sedentária do mundo, que eu nunca havia feito nada na minha vida a não ser andar. Eu não parecia que era uma dançarina, bailarina, que tinha uma coordenação motora ótima, que conhecia cada parte do meu corpo. Não, eu era uma verdadeira pata. Eu não tinha direção, não tinha ritmo, não tinha norte. Era um desastre, eu não sabia se ria ou se fazia a aula.
"As primeiras aulas foram bem desafiadoras, eu não tinha mais aquele medo constante igual no início, mas como envolvia água, eu ficava mais cuidadosa"
O melhor de tudo era que eu era a mais novinha da turma, meu amigos de aula, todos, com a única exceção eu, tinham mais que 60 anos tranquilo! E eles olhavam para mim esperando altas piruetas coitados, mas só encontraram uma pessoa com as duas pernas esquerdas. Quando eu saia da água parecia que eu tinha pesos grudados em mim, meus passos nunca foram tão pesados. Para tomar banho eu era tão devagar, que preferia esperar todos eles acabarem para ser a ultima. Ainda bem que levei isso tudo na esportiva, de boa, conhecendo minhas limitações, mas também esperando as coisas boas que estavam por vir se eu fizesse tudo certinho.
Com 6 meses fui liberada para o Pilates! Achei que esse dia nunca fosse chegar. Ansiedade a mil. Não abri mão de fazer com a Fanny, afinal era ela que conhecia toda a minha história e fez grande parte dela. Como sempre os primeiros dias foram bem sobre descoberta, sobre o que eu conseguiria fazer naquele momento e sobre o que eu precisaria me esforçar o dobro para conseguir.
Quando a gente vai aumentando a carga dos exercícios, vai percebendo o quanto de esforço em dobro que temos que fazer, o quanto aquilo cobra muito mais do que cobrava antes. As vezes a gente fica para baixo por fazer “pouco” ou menos do que fazia antes. Mas eu paro e penso “filha, você tem 24 novas peças em seu corpo e que foram colocadas em menos de um dia ai, calma!” e logo penso o quão vencedora estou sendo por tentar e tentar e tentar, até chegar no meu objetivo.
"filha, você tem 24 novas peças em seu corpo e que foram colocadas em menos de um dia ai, calma!"
Com quase 8 meses me dispus a fazer caminhadas, não muito longas, mas que também iriam me trazer inúmeros benefícios. Mais uma vez, desafiador no inicio. A caminhada era uma coisa que eu nunca fui muito adepta.
Apesar de antes da cirurgia fazer dança, capoeira, funcional, praticar esportes, a caminhada me cobrava muito, minha lombar doía demais depois de uma boa caminhada, até que um dia eu desisti. Pensei “já faço tantas coisas, a caminhada não vai me fazer falta”. Meus queridos, agora ela faz!
Mas é aquilo, você precisa, você vai melhorar. Nada disso vai ser para o seu mal, então porque não fazer? Imagina ser uma pessoa que só para de fazer atividade física para estudar e dormir? Era eu! No dia que internei para operar, pedalei 35 km, cheguei em casa tomei banho e fui internar, e em menos de 24h simplesmente ter que reaprender a andar! Bem intenso não?
Então é isso, seja intenso, aproveite suas descobertas, seus desafios, eles são únicos, a gente passa uma vez só por cada um, curta sua nova vida! Nós merecemos!
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