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A descoberta

Foto do escritor: Mariana LuzMariana Luz

Atualizado: 30 de jun. de 2019

Sobre um dia qualquer, que virou a minha vida de cabeça para baixo.



Em 2004, eu com 12 anos, já dançando pra caramba, modestamente eu dançava bem para quem só fazia aula de dança há um ano, já tinha subido para o grupo principal da academia de dança. Eu estava me sentindo muito bem.

Então foi como um furacão, foi muito rápido.


A gente estava arrumando as malas para fazer alguma apresentação, eram muitos figurinos, então a maioria levava mala. E quando me abaixei, meu amigo gritou: "você tem um caroço nas costas!". Quando ele falou caroço eu imaginei uma espinha (inocente), mas não, era a minha famosa "giba". O mais engraçado é que ele mesmo, assim como vários outros amigos, me mandava arrumar a postura porque eu estava andando torta, e todos pensávamos que era um habito.

A partir dali minha vida virou, mesmo.


Fiquei por volta de 40 minutos deitada lá, mas que pareciam 40 horas. Eu chorava em cima daquela fita. Eu não queria aquilo.

Na mesma semana, minha mãe já me levou ao médico ortopedista, que disse que não tratava meu caso, que nenhum médico aqui em Pádua trataria, talvez em uma cidade vizinha, já que aqui não existia nem a radiografia panorâmica. Fomos logo no outro dia a Itaperuna, já cheguei tirando o raio-x panorâmico onde acusou a escoliose de 23º torácica e 45º lombar. O que mais me espantava era a cara dos médicos que me atendiam. Eu não entendia nada, como eu estava com um problema desse, porque eu. E porque nenhum médico me tratava. Eles só falavam: "manda ela para o HTO" (hoje INTO), só falavam isso. Já sai de lá com meu encaminhamento para o HTO pronto.


No mês seguinte eu já estava pegando a van do SUS em minha cidade, que saia meia noite daqui, e chegava lá as 5h da manhã. Eu e minha mãe esperávamos, sentadas no chão da calçada, o hospital abrir às 8h, mas minha consulta geralmente era depois das 14h. Na primeira vez fiz somente a triagem, pegaram meus dados e me mandaram fazer outra radiografia, mas dessa vez fiz no hospital mesmo, para voltar na outra semana, que eu seria atendida. E na outra semana foi a mesma coisa, assim como em todas as semanas dos próximos dois meses. Eu não vivia mais, a não ser para pensar na escoliose e de como era ruim ter que enfrentar 5 horas de viagem e outras tantas horas de espera para trata-la.



Na primeira consulta o médico já me encaminhou para a ABBR para confeccionar o colete Milwaukee, que eu não tinha ideia de como era, e me explicou (ja colocando) que estava incluindo meu prontuário na fila de espera da cirurgia (oi, cirurgia?), me deu um numero de acesso e só falava que a cirurgia tinha muitos riscos, que eu tinha 50% de chances de sair bem e 50% de sair em uma cadeira de rodas. Gente, pelo amor, eu tinha 12 anos!!! Fui ao chão, e não sei como voltei.


Depois de uns 6 meses assim, eu fui a ABBR para começar a confecção do colete. Foi terrível. Era uma correria, muita gente, a atendente gritava o nome do paciente um atrás do outro, você tinha que ir rápido se não passavam outro na sua frente, e quando chegou a minha vez, entrei em uma sala gelada que tinha uma cama toda vazada, parecida com uma moldura de um quadro, e tinha uma fita larga no meio dela, onde eu teria que me deitar, de calcinha e sutiã, e me equilibrar, para vir uma pessoa passar o gesso, eu esperar o gesso endurecer, para então sair dali. Fiquei por volta de 40 minutos deitava lá, mas pareciam 40 horas. Eu chorava em cima daquela fita. Eu não queria aquilo.


Mas eu não sabia que era só o começo.

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